Gerenciamento de Mudanças em Projetos de Integração do Setor Elétrico

Gerenciamento de Mudanças em Projetos de Integração do Setor Elétrico

Projetos do Setor Elétrico envolvem agentes públicos ou privados que detém os contratos de concessões das plantas de Geração, Transmissão e Distribuição de energia. São entidades que regulam, operam, fiscalizam e comercializam a eletricidade. Uma perturbação do sistema elétrico – como quedas de energia – tem grande visibilidade no país, dada a demanda constante por energia, seja da indústria ou da população em geral. Muitas vezes os serviços prestados para as concessionárias envolvem riscos de causarem defeitos no sistema elétrico ou danos aos ativos. Para as empresas que fornecem produtos e soluções inteligentes de engenharia nestes projetos, atender demandas destas instituições representa se envolver em serviços dentro de usinas hidrelétricas, subestações, linhas de transmissão e demais elementos que compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN). Por isso os fornecedores que integram tais elementos devem ser capacitados em sistemas de informação e suas tecnologias (TI), softwares, equipamentos e tecnologias de diversos fabricantes, testes e integração destes sistemas, obras, segurança do trabalho e gestão de contratos e projetos.

No Brasil o cenário caótico de projetos que não dão certo, são cancelados ou que sofrem diversos escorregamentos, afeta também o Setor Elétrico. Replanejamento, reprogramação e a adequada resolução de reivindicações e disputas são essenciais nesse setor, em que os projetos se desenvolvem sempre com o envolvimento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na programação de parada de unidades geradoras, na demanda de energia elétrica e no seu sistema de informação conectado com as plantas.

Durante o fornecimento do produto ou serviço contratado, eventualmente o cliente pode perceber que essa solução não será suficiente para atender suas finalidades. Assim, acaba por solicitar mudanças em relação ao pedido original, o que deixa, para alguns fornecedores, a impressão de que o cliente não sabe bem o que quer. Desta forma, ao contratar um produto ou serviço, e não um resultado, o cliente traz para si o risco da especificação da solução do problema, principalmente não sendo ele um especialista no assunto.

Para apoiar o alcance destes objetivos, é importante que os fornecedores utilizem um processo de engenharia de requisitos bem definido. Este processo consiste em um conjunto estruturado de atividades a serem seguidas pela equipe do projeto a fim de criar, validar e manter um documento de requisitos que defina detalhadamente todos os aspectos da solução. Poucas organizações têm um processo de engenharia de requisitos explicitamente definido e padronizado. O seu levantamento é uma atividade muito complexa, e é justamente nessa atividade que ocorre a transferência do conhecimento sobre o domínio e escopo da aplicação ou do produto a ser produzido. Como os projetos têm a possibilidade de alterações em face de mudanças das expectativas iniciais de seu elaborador, tal ocorrência também é verificada em relação às condições estabelecidas nos respectivos contratos, celebrados para o fornecimento de produtos e serviços necessários ao projeto.

Reinvindicações decorrentes de mudanças em relação ao inicialmente contratado são naturalmente esperadas na administração de contratos. Muito embora reivindicações e disputas não possam ser completamente evitadas, elas podem ser solucionadas de forma efetiva e justa. As mudanças que alteram a maneira como o projeto será planejado ou executado, frequentemente geram a necessidade de novos acordos e reelaboração do método formal de sua implementação.

Nem sempre isso se resolve apenas com processos ajustados de comunicação, pois mudanças frequentemente também geram conflitos. Daí a necessidade de negociação e alinhamento com objetivos corporativos ou específicos do projeto. A visão geral é que os processos de negociação poderão atingir qualquer fase e qualquer área do gerenciamento de projetos. Os diálogos sustentáveis, ou seja, aqueles que asseguram o fortalecimento da confiança mútua entre as pessoas que representam as partes, no plano operacional das relações que focalizam o longo prazo, são essenciais para a gestão de sistemas com múltiplos stakeholders.

O gerente de projetos deve ser obsessivo com o que pode dar errado, deve vislumbrar cenários de mudanças para que se faça a integração e o uso otimizado do gerenciamento de riscos, do tempo, dos recursos, dos processos de engenharia de requisitos, da gestão da qualidade, do controle financeiro do projeto, e da comunicação com os stakeholders e com a equipe do projeto.

Victor Palamim, Projetista de Aplicação

Sobre o autor
Victor Palamim iniciou sua carreira na Altus em 2011 como Projetista de Aplicação. Desde então, tem atuado em importantes projetos do segmento de energia elétrica para os clientes como Chesf, Eletronorte, AES e CESP.

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