Há muito se fala em uma sociedade globalizada, mas este conceito nunca foi tão pungente quanto hoje, dado aos avanços trazidos pelos sistemas de comunicação e pelos meios de comércio eletrônico e de transações financeiras atuais.
No âmbito pessoal, já temos operações internacionais acontecendo a todo momento por meio de e-commerces, processos com a mesma facilidade de compra que encontramos na loja da esquina de casa. Estas operações são quase 100% automatizadas, exigindo interação humana apenas em raríssimos casos.
Na esfera comercial, especialmente ao considerarmos projetos de sistemas e de engenharia, não temos a mesma facilidade de processos, pois o trato pessoal é parte integrante e primordial desta modalidade. Isto não significa que projetos com relações internacionais sejam uma pequena parcela, pelo contrário, tendem a continuar aumentando a sua participação.
Portanto, por ter a relação pessoal como uma das bases de desenvolvimento de projetos, as iniciativas internacionais enfrentam como obstáculo os valores culturais que clientes e fornecedores estão inseridos, bem como as questões locais de onde a obra será executada. Estas diferenças culturais não estão somente expressas nos contratos e especificações técnicas, ficam evidentes nas tratativas de andamento de projetos e devem ser consideradas nos momentos de decisão, em como se deve agir em cada situação.
A comunicação também é um obstáculo, não só pela linguagem técnica no trabalho, mas também pelas dificuldades que a utilização diária de um idioma não nativo pode causar. Uma palavra mal colocada pode gerar grande ruído entre duas ou mais partes. Também é importante garantir que a mensagem seja recebida de forma completa e entendida corretamente.
Outros obstáculos, muitas vezes impostos ao cliente e ao fornecedor, são às restrições trazidas pelo local de execução do trabalho de campo. Um exemplo disto são as restrições de comunicação e de acesso a informação impostas pela China, com bloqueio às pesquisas no Google ou do uso de Whatsapp e e-mail. São dificuldades adicionais que muitas vezes não são consideradas previamente.
Ou seja, trabalhar com projetos internacionais traz um constante aprendizado nos mais diferentes aspectos.
Sobre o autor
Miguel da Silveira ingressou no time Altus em 2008 como Orçamentista, atuando na equipe de Engenharia. Desde então, desenvolveu sua trajetória na empresa ocupando cargos de gestão e, hoje, é o Coordenador de Projetos responsável pelas plataformas de O&G do Pré-sal que estão sendo construídas na China.