Ativos de produção offshore são caracterizados por sua complexidade e dificuldade logística, por este motivo, é grande a preocupação com a manutenção da integridade e da segurança nestas unidades, assim como a busca incansável por redução de POB (People on Board). Tais variáveis fazem da automação um dos pontos mais importantes neste complexo emaranhado de sistemas.
Basicamente, e de maneira bem simplificada, a automação é responsável pelos sistemas de segurança, F&G (Fogo e Gás) e controle. Nas aplicações de segurança e F&G é latente a utilização de sistemas instrumentados de segurança norteados pela IEC-61508, norma internacional que estabelece três conceitos essenciais em qualquer projeto:
– Avaliação com base em riscos;
– Segurança e segurança funcional;
– Níveis de integridade de segurança.
Confira a seguir um breve resumo destes conceitos:
Avaliação com base em riscos
É o perigo ou risco gerado em caso de falhas no sistema. O conceito é dividido em três variáveis: prejuízos ao meio ambiente; doenças, lesões ou morte; e prejuízos ou perda de equipamentos, sistemas ou patrimônios. Nesta etapa de análise são apontados os possíveis causadores de falhas, que podem ser devido a estresse ambiental, defeitos no processo de fabricação, equívocos no projeto, erros de programação ou até falhas randômicas no hardware. Com base nesta avaliação, é definido o nível de integridade de segurança que deverá ser aplicado (SIL).
Segurança e segurança funcional
Define o conjunto de equipamentos e procedimentos que serão adotados para proteção do sistema contra riscos considerados inaceitáveis e para garantir a integridade e segurança funcional dos processos.
Níveis de integridade de segurança
São obtidos através de métricas utilizadas para eliminação de riscos. Estes níveis vão de 0 a 4, sendo 4 o nível mais elevado, normalmente utilizado para sistemas muito críticos e com potencial de risco catastrófico a pessoas, meio ambiente ou ativos.
Estes conceitos trazem em sua base a necessidade de que os sistemas sejam desenvolvidos e projetados após uma série de etapas e procedimentos, desde sua concepção até o fim de sua vida útil.
No gráfico abaixo podemos ver as principais causas de falhas em sistemas instrumentados de segurança:
Fonte: https://goo.gl/KvCbk3
Como podemos ver, quase metade das falhas nestes sistemas são causados por problemas de especificação, o que corrobora para a necessidade de que sistemas sejam pensados desde a sua concepção, pois o prejuízo pode ser grande, tanto à produção da empresa quanto à integridade destas unidades e das pessoas que nelas trabalham.
Deve haver um controle rígido para que não haja um descolamento das diretrizes e requisitos da IEC-61508, pois alterações em comissionamento são responsáveis por uma parcela significativa de falhas. Alterações estas que possivelmente não são documentadas ou analisadas com a profundidade necessária.
De nada adianta a utilização de equipamentos de segurança com classificação SIL se não houver uma rotina de manutenção e um projeto pensado desde a sua concepção para atender esta finalidade, pois cerca de 15% das falhas são ocasionadas por problemas nesta rotina.
A aplicação rígida e bem fundamentada destas diretrizes traz um ganho imensurável para unidades offshore, colaborando para amenizar todas suas dificuldades logísticas e de acesso. Apesar de todo preparo e suporte existentes, a possibilidade de ocorrerem sinistros nestas unidades não é nulo, seu tratamento é imensamente mais complexo e em uma proporção muito maior que plantas industriais localizadas em terra firme.
About the author
Leonardo Pinzon entrou para a família Altus em 1997 como estagiário da equipe de Engenharia e, desde então, passou pelas posições de Projetista Elétrico, Projetista de Aplicação, Coordenador de Projetos, Gerente de Projetos e Gerente de Contas. Hoje, Pinzon ocupa a função de Gerente de Desenvolvimento de Negócios e atua nos principais projetos de O&G da empresa.